29.11.24

Grooming, they say


Mas não continuávamos
a infantilizar as mulheres,
a negar-lhes o direito à vontade,
ao pensamento, à agência,
à capacidade de decisão?
A fazê-las crianças aos sete, ao dez,
aos quinze,
aos dezasseis, aos dezassete, aos dezoito,
aos vinte, e onde é que terminava
a infantilização?
Mesmo depois, aos trinta, aos quarenta,
aos sessenta, mais não fazíamos do que
desculpabilizá-las (a mais perversa forma 
de as dizer culpadas),
recusando-lhes o direito à responsabilidade
de escolher e de falhar. De arriscar,
de ganhar, de perder.
Mas o direito e a responsabilidade.