11.10.24

A literatura enquanto sinal vital


Il n’y a dans son écriture
rien de plus, rien de moins
qu’une respiration faite phrase,
diz Didi-Huberman,
a propósito das crónicas
de Clarisse Lispector.
Nada mais, nada menos (o enunciado
ganhava ritmo com a tradução.
Tornava-se outro, talvez:
a aliteração em m fazia de cada advérbio
o reverso simétrico do outro,
ou seja, o mesmo, mas com outro nome)
do que uma respiração feita frase.
— Esta poderia ser, supunha,
uma definição de literatura. A de
alguns, no mínimo. A de algumas.
Haveria outras. Uma ética das emoções,
acrescenta Didi-Huberman.
— Também poderia ser isso.