Vivia de expedientes.
Supusera que o assassínio da autora do
SCUM Manifesto o tornaria famoso.
Não suportara o que lera:
ser homem era ter inveja
dos órgãos reprodutivos da mulher,
vulva, útero, mamas.
Ser homem era ser
a escumalha da escumalha.
A deficiência era constitutiva.
Não sabia o que fazer.
Poderia procurar uma fêmea,
mergulhar-lhe entre as coxas
e desaparecer como desapareceria
tarde ou cedo o género masculino,
ou poderia contra-atacar.
Esperou-a à porta da editora,
acompanhou-a até ao interior do edifício
e tirou a arma.
Três tiros, enquanto ela estava ao telefone.
Falhou os dois primeiros,
o terceiro atravessou-lhe o corpo.
Levaram-na para o hospital. Sobreviveu.
Ele entregou-se ao final do dia.
Confessou o crime.
Dera-se a si próprio nome de Andy Warhol,
era um falhado.