30.8.24


Linear B

Entre 1195 e 1180 a.c.,
uma destruição sem precedentes
devasta o mediterrâneo oriental.
Todos os palácios micénicos são demolidos,
o império hitita desaparece e afunda-se
no esquecimento, Ugarite é arrasada
sem deixar memória.
Nos escombros dos palácios (Micenas, Pilos,
Tebas, Cnossos) sobrevivem tábuas gravadas
na argila calcinada pelos incêndios.
Escritas em grego arcaico, no alfabeto
decifrado por Michael Ventris,
perduram os registos burocráticos de um mundo
à beira do fim.
Entre o deve e o haver
das palavras riscadas na argila mole,
são centenas as mulheres e as crianças escravas,
agrupadas segundo as suas actividades,
e por vezes designadas pelo lugar de origem: 
Cnido, Halicarnasso, Mileto, Lesbos, 
todas elas vítimas de razias e de uma
moral de homens que glorifica a guerra
e o saque e que se devorará a si mesma.