Não haveria a outra metade.
A ter existido (algum dia,
algures, nos olhos, na língua,
nas dobras da saia
ou no côncavo das coxas),
ter-se-ia perdido
antes de chegar a dividir-se.
Tal divisão (equitativa, desigual?,
a quem caberia a parte do poder?)
não seria mais do que
o mito fundador do modelo-padrão
— o do género, o do comportamento,
o das expectativas:
aquele que subordina a boca,
a alma e os outros orifícios.