23.6.25

The book boyfriend


Era uma tendência, diziam,
as raparigas apaixonavam-se pelo
homem perfeito — terno, atencioso,
rico, inteligente. E etc. Parecia nem precisar
de ser bonito. Bastava-lhe olhá-las nos olhos
e não existir senão nos romances românticos.
Simply put, a book boyfriend is a character
you can’t stop thinking about
— and longing for — beyond the page.
Havia precedentes, sabia-se. 
Os herdeiros dos livros da Jane Austin,
o Mr. Rochester da Charlotte Brontë,
e outros, e outros
que inflamavam a imaginação
de Emma Bovary,
fazendo-a supor-se personagem de uma novela.
Aquela na qual o mundo obedecia aos olhos
que percorriam as páginas. Aquela na qual
o corpo e o coração coincidiam com as coisas.
Era uma ficção, acabara mal, 
mas talvez, na verdade, ninguém duvidasse
da distinção entre  real e ficção.
Seria por isso que ninguém podia preferir
a pobre e crua realidade do real.
A literatura não tinha outra utilidade.