5.1.25


Logique de la Sensation

Gostava de lhe tocar. Gostava sobretudo
de lhe tocar. De lhe sentir a massa,
o peso, a densidade,
a existência como coisa física. 
Uma vida animal.
Poderia beijá-lo ou não, deixar-se beijar,
não faria diferença.
O importante era a pele. Despi-lo,
a camisa, o cinto, as calças,
estender os dedos e
sentir-lhe o calor. Mais macio no ventre,
nas costas, mais áspero nas coxas,
e outra vez macio, nos pés,
brancos como papel.
Abria a mão inteira e espalmava-a
contra os seus braços, o peito,
as nádegas firmes, à procura apenas
da forma e da figura. Coisas concretas.
Depois, erguer os joelhos,
abrir as pernas, fazer-se penetrar
e esperar que ele fizesse o seu trabalho,
não passavam de um lugar de chegada.
O ponto de partida era a existência dele
como corpo e como carne,
quente e vivo enquanto o tivesse nas mãos.